Adam Gogacz: a alegria da vida em cada encontro


Breve biografia
Licenciado em Filosofia pela Universidade de Lodz. Inicialmente, estudou as origens da ideia de universidade na Idade Média. Durante mais de duas décadas, esteve associado à área académica das ciências da educação, ensinando futuros professores. Desde 2020, é Presidente do Centro de Excelência e da Fundação para a Ciência, formador e educador, editor-chefe da revista trimestral sobre educação Cogitantium. Apaixonado pela mudança e pelo bem-estar na vida.
A minha História
Lembro-me do dia em que dei a minha primeira aula. As minhas mãos tremiam imenso. Mas também me lembro do dia em que decidi que não era suficiente, que o sistema me estava a impedir e que eu queria ajudar as pessoas a mudarem as suas vidas: adultos que muitas vezes acreditam que os seus anos de escola, ou mesmo enquanto estudantes, os prenderam numa realidade que é difícil de mudar. Mas o homem é um criador. Pode não só adaptar-se ao que não pode mudar, mas também mudar o que é muito difícil de mudar. É por isso que é importante motivar as pessoas e mostrar-lhes que é possível e vale a pena mudar as suas vidas para melhor. Na vida quanto mais experimentamos, mais possibilidades temos. Demonstro que as pessoas aprendem em qualquer momento, não apenas uma vez na vida.
Aprender é conhecer sabores desconhecidos, visitar lugares ignorados e é também conhecer novos perfumes, cujo aroma nunca tínhamos experienciado.
Trata-se também, mas não só, de novas teorias, modos de vida, receitas para a felicidade. É por isso que o meu portefólio inclui vários cursos que me ensinaram muito, assim como a ensinar outros.
Por exemplo, os cursos com professores, muitos dos quais que eu ensinei, ensinaram-me que ensinar é partilhar experiências, mas também reconhecer a experiência dos outros. Trata-se de deixar espaço para uma abertura serena a coisas novas e para a compreensão dos caminhos já percorridos por alguém. Dei a conhecer que o tempo pode ser planeado de forma diferente e que, para fazer um trabalho bom e satisfatório como professor, é necessário encontrar tempo para o próprio. Em contrapartida, fiquei a saber como é difícil sair do casulo dos hábitos, das expetativas e do cansaço, mas também de quanta alegria pode advir do facto de se trabalhar diariamente com crianças e jovens.
Ensinar pessoas idosas ensinou-me a alegria da vida: não em abstrato, mas manifestada todos os dias, em cada encontro, em cada pormenor.
Dei-lhes competências digitais, como utilizarem as redes sociais, como contactarem a família quando estão longe, como não serem enganados, como utilizarem livremente o e-banking e os e-offices. Foi-me devolvida muita experiência de vida e a capacidade de a utilizar. Ganhei mais alegria na vida diária e novos contactos no Facebook.
As aulas com reclusos ensinaram-me o quanto a liberdade é importante e o quão rapidamente podemos destruir a nossa vida e a vida da nossa família. Mas também me mostraram como uma história de vida pode arruinar a autoestima de alguém.
Dei-lhes o conhecimento para lutarem por eles próprios, para fazerem sobressair o que é valioso deles próprios, para falarem com a família nos momentos difíceis e para saberem como sair vitoriosos (o que não significa derrotados) do conflito. Foi-me devolvida uma lição inesquecível de humanidade. Uma lição que pode estar escondida algures nas profundezas, mas que ainda lá está, à espera que a deixem sair e atuar novamente.
Como formador de competências sociais e transversais, mas também como filósofo e educador social, compreendi o quanto podemos dar uns aos outros, desde que estejamos abertos aos outros, ao desejo de obter conhecimentos, de aprofundar e verificar o que já sabemos, de compreender que não vale a pena parar no caminho do aperfeiçoamento. Nunca esquecerei as palavras com que um aluno me me cumprimentou algumas semanas após o curso. Disse com uma gargalhada: "E que raio andou a fazer, senhor? Sentei-me na minha secretária e esperei calmamente pela reforma. E o senhor irritou-me tanto que tomei coragem, lutei e fui promovido!" Para mim, não há melhor recompensa, mas também não há melhor incentivo para continuar a “mexer com a cabeça das pessoas”.
O que é que podemos esperar no futuro? Vejo a comunidade EPALE a desenvolver-se ao longo da próxima década, tornando-se um centro ainda mais dinâmico, inclusivo e orientado para a ação para a educação de adultos na Europa. Precisamos de espaços de aprendizagem seguros que incentivem ao pensamento crítico.
What a beautiful reflection…
What a beautiful reflection on the transformative power of teaching and learning! Adam's journey from a nervous first-time teacher to someone who truly understands that learning is a lifelong, multi-sensory experience is deeply moving. I love how he describes learning through "unknown flavours" and "new perfumes" - it captures the richness of human experience perfectly. His work with diverse groups, from teachers to prisoners to older adults, shows how education is truly about mutual exchange. That quote from his student about getting "angry" enough to fight for promotion made me smile - sometimes we all need someone to "mess with our heads" in the best possible way!